quarta-feira, fevereiro 28, 2018

DEDICAÇÃO

Vamos consagrar nossas vidas refeitas pelo Amor
e pavimentar de esperanças a estrada do futuro.

Em cada esquina há uma surpresa verde.

Quem será que orienta as ovelhas
a fazerem as pazes com o predador?
Quem impede por meio da oração
a desconcertante inimizade sem fim?

Vamos consagrar nossas vidas.

Vamos nos colocar de novo sobre o Altar...

Os passos das ovelhas caminham para o pasto,
mas voltam para o Aprisco ao comando do Pastor.

Águas reparadoras são provadas.
E os lábios ressequidos refrescam-se.

Há uma mesa de Deus junto ao que se consagra.
Resta aos inimigos assistirem o banquete que o Senhor
prepara para os que dedicam-se à missão.

És sonho em forma de dedicação;
és brasa viva no Altar;
o fogo de Deus incendeia o coração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
24/02/2018 (0h30min).

CASA DA VIAGEM

Volta da praia.
O dia havia sido lindo em família.
Tão bom que resolvemos esticá-lo:
a noite já era nossa irmã.
Nada melhor do que estar com quem se ama.
Lugar de paz e de harmonia
é o lugar da família.
Ali a gente ouve os cantos do coração,
ali a gente encontra as respostas da alma,
ali a gente ouve histórias recontadas
e requentadas no forno da emoção.

Família é lugar bom de se estar,
mesmo quando trancafiados num carro
dentro de um engarrafamento enorme...
E era o que estava acontecendo.
Quem poderia imaginar que após dia tão intenso
haveria tais emoções para enfrentar?
Mas, nada que uma brincadeira de “adedanha” não resolvesse.
E lá fomos nós revisitar os verbos no infinitivo
seguindo a letra do alfabeto sorteada...

Brincamos à exaustão!
Até que, ao passar por um atalho de ruas de bairro
(para fugir do engarramento monstro de rodovia)
nos deparamos com um carnaval mixuruca
na pracinha daquele bairro.
Uma música da caixa de som de segunda,
uns poucos dançantes já sem ânimo
e umas duas dezenas de foliões com copos
de cerveja nas mãos, entornando suas esperanças...

A brincadeira de “adedanha” parou.
Um locutor de ocasião, tomou o microfone
e após algumas tentativas para acabar
com a chiadeira do paciente, anunciou:
Ô mãe do Felipe, onde você está?
Seu filho está aqui perdido,
precisando de você...
Nada.
O locutor anunciou de novo e resolveu
incrementar o anúncio:
  Ele deve ter 1, 2 ou 4 anos...
Perceba-se que o álcool já havia
comprometido sua capacidade de avaliação,
mas não seu senso moral. Emendou:
Gente, vamos ter cuidado com nossas crianças.
Ô mãe do Felipe, onde você está?
Resolveu entrevistar o menino:
Felipe, você mora onde?
Na casa da viagem!
Ele não é daqui gente,
o menino não é daqui!
Parace que o entusiasmo de estar
praticando uma boa ação
levou nosso locutor anônimo
à ter uma conclusão lúcida.

E aí a fila de carros seguiu
e lá fomos nós com o incômodo no coração.

Era perto da meia-noite.
Novos barulhos somaram-se ao do microfone sujo
e nossa angústia pelo Felipe se diluiu.
Antes de sairmos da praça
alguém falou respondendo à pergunta do locutor:
Deve estar com algum homem por aí...

Fiquei pensando na resposta do menino
à pegunta: “Onde você mora?”
“– Na casa da viagem!”

A resposta do menino me fez concluir
Que, se a vida é uma viagem,
existe uma casa onde se mora
e outra que é a casa da viagem.
A casa da viagem é uma casa de passagem.
Hoje se está nela, amanhã não mais!
Fica-se um tempo, mas sabe-se que
haverá uma volta, um retorno ao lar.

Do ponto de vista espiritual
nossa casa da viagem é aqui na terra;
não importa qual:
se pequena ou grande;
se simples ou luxuosa;
se descuidada ou limpinha;
se própria ou alugada;
nossa casa daqui – e qualquer casa –
é nossa casa da viagem...

Viemos de Deus e para ele retornaremos.
Qualquer casa aqui da terra
será nossa casa de passagem.
Quem se fixa nestas paragens,
se esquece que tudo aqui é transitório;
só a eternidade é definitiva.
E é aqui nesta casa da viagem
que a gente escolhe Deus.
Precisamos estar preparados
para o retorno à Casa do Pai.

Deus abandonou seu Filho à própria sorte na cruz,
para que o prazer da vitória fosse
dos demais filhos que adotou em Jesus.
Mas ele sofreu junto.
      Eli, Eli, lamá sabactâni!

É egoísmo não lembrar do Filho
ao se optar por dar uma voltinha inconsequente neste mundo.

Lembremos que a viagem um dia acaba
e que todos retornaremos para Casa:
Estás preparado para o Encontro com o Pai?

Josué Ebenézer Rio das Ostras,
15/02/2018 (07h31min).
[Calcada em episódio vivido no fim da noite do dia 13/02/2018].

domingo, fevereiro 25, 2018

FLUTUAÇÕES ANTIGAS

Menino boleiro que já se foi
e a bola rolando no terreiro
a dança dos corpos no jogo
um dia que se vai na serra....

Ficou a sombra da noite próxima,
o banho, o pito, o grito da mãe na janela.
O menino com a bola debaixo do braço
e o short rasgado e sujo em pés descalços.
Geme uma saudade de casa pobre de morro.
Geme uma desconfiança de que tais tempos não voltam mais...

Bola rolando no terreirão.
Dia seguinte à dança dos corpos
e o desenho do jogo no campo de terra batida;
cadernos largados em casa no chão de sua vida.
Menino boleiro que já não é mais;
novo dia nos sonhos do menino das montanhas.

O galo canta no morro na casa do Chico
a manhã se anuncia na voz do tenor de galinheiro.
O menino com a bola gasta debaixo do braço
desce o morro apressado e a vida
quer ganhar o futuro na dança do jogo
deixa pra trás o terreirão e sua gente
anda apressado em busca do sonho...

Hoje ele sabe o preço de corações tristes ao abandono
por um sonho que ainda não veio e nem sabe se virá...

Josué Ebenézer Rio das Ostras,
10/02/2018 (07h28min).

sexta-feira, fevereiro 23, 2018

FLAUTA DOCE

A flauta doce rivaliza com o piano,
geme sua canção tirando do espírito
o sentimento que o menino traz na alma.

O pianista reeduca suas mãos
para fazer sobressair o choro da flauta doce.

Quando a flauta se sente protagonista,
o menino parece flutuar,
e percebe-se a presença de um doce espírito.

E as mãos seguram a flauta junto à boca
e o menino balança-se em revoluteios
leves como a brisa;
parecendo as ondas do mar
em suas curvaturas harmônicas.

Lembra o céu, lembra o mar!
Há mistérios na canção
que só o coração que busca pode sentir;
flauta doce aos ouvidos
de corações amargurados pela vida;
sons apaziguantes
cheios de uma divina melodia:
há uma canção de paz em teus gemidos,
há uma oração de gratidão em meus sentidos.

Josué Ebenézer Rio das Ostras,
10/02/2018 (06h14min).

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

“DISCIPULAGEM”

Quero tocar em teus duros ombros
e fazer-te sentir minha preocupação.

Se eu te enviasse um bocado de flores?
De tuas mãos penderia uma cachoeira perfumada.

Se eu te enviasse uns livros inspiradores?
Uma página, quem sabe, uma página
fosse lida com a mensagem que quero te oferecer...

Tu nem imaginas que estás no meu cartão-alvo;
que quando acordo oro sempre por ti.
Sonhara agora mesmo com o dia
que sorririas alegre no encontro com Deus.

Queres que te ofereça
uma canção na rádio de Deus?

Tu passeias em canções de adoração
quando louvo no templo e lembro de ti.
É um passeio azul-celeste do Espírito
porque quero te elevar às alturas de Deus.

Hoje eu desejo comer uma pizza contigo
e sentir os sabores da amizade sincera.
Quero fazer uma oração de gratidão em público
pelo que Deus faz, é, e pode fazer em ti.

Quero ver-te caminhando livre
nos campos de uma vida nova;
liberto das correntes que te aprisionavam
a um passado triste sem Deus.

Te adicionei virtualmente em minha lista de oração.
Teu perfil passeia todas as manhãs por meus pensamentos bons.
Quero arrancar-te o sorriso da liberdade,
quero dizer-te que tudo é vaidade,
que a vida vai e vai a mocidade
que se perde nos devaneios do existir...

Quero ver teu rosto aformoseando-se
porque teu coração tomou um banho de loja espiritual;
porque recebestes o batismo do Espírito
e o infinito céu de Deus mergulhou em tua direção.

E neste instante de glórias infindas
tu dirás palavras-pombas,
brancas como a paz de tuas novas canções.
E aquelas feias palavras-bombas,
de antes, já não mais existirão...

Tu soltarás raios de esperanças
em olhos brilhantes como as estrelas de Deus.

Nós seremos como os pequeninos
que Jesus juntou para fazer deles seu Reino.

Tu serás infante no dia que clareou;
viveremos a emoção do parque que brilhou
a Luz do Cristo no breu do mundo.

Sinto que meu sorriso se junta ao teu
sorriso e rimos a alegria de Deus.

Há festas nos céus!

E és como o bálsamo em ti mesmo e
nos que te amam.

E derramas do teu espírito
na alegria incontida,
como o óleo da comunhão
que desce sobre a barba de Arão.

Eu quero orar agradecendo o
discípulo que nasceu em ti;
quero abraçar-te, amigo,
na estrada dessa vida,
e caminhar contigo sob chuva
vivenciando a purificação do Alto
e a experimentação da alegria
de ser vida em tua vida
porque Jesus é vida na minha.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
08/02/2018 (06h03min).

POEMA DO ALTO

Vem do Alto, lá do Alto
meu socorro vem do Alto
lá no alto está meu Deus
forte como rocha inamovível...

Se eu erguesse meus braços flácidos
para os altos, em atitude de adoração...
E o vento batesse forte em mim?

Se elevasse os meus olhos para os montes
em busca de socorro; de onde viria?

Vem do Alto, lá do Alto
meu socorro vem do Alto
vem de Deus o meu socorro
vem daquele que governa das alturas...

Estás cansado e oprimido,
o horizonte ficou quadrado e limitado?

Agita-se o teu coração e inquieta-se a alma?
Estás à porta do desespero?

Elevar-se!
Faça isso!
Subir às alturas de Deus com os olhos da fé.

Enlevar-se!
Entrar nas nuvens de Deus
na montanha da inspiração.

O meu Deus é Soberano
seus pensamentos e caminhos são mais altos que os meus.
Não queiras rebaixar o Alto para tua vida rasteira,
mas, eleva a tua vida até o patamar onde Deus se encontra.

Faz boa escolha
quem caminha os caminhos de Deus
quem pensa os pensamentos de Deus.

Minha vida é álamo jovem
solto na paisagem erma da existência.
Minha vida é árvore leve
que balança ao vento e a qualquer tremor.
Mas minha atitude altaneira
de olhar para as altitudes de Deus
não me deixa quebrar ante as inclinações da existência.

Posso curvar-me e dobrar,
mas não quebro não,
pois cada inclinação é uma súplica
ao Alto para que não me deixe cair;
cada dobra da vida é uma oração.

As folhas dos meus poemas
são como as folhas da árvore  que é minha vida:
quando algum se desprende e vai ao solo
vai adubar a terra onde outros nascerão...

Vem do Alto, lá do Alto
meu socorro vem do Alto
vem do Criador de todas as coisas
que governa toda a Criação.

Submisso, confiante,
mesmo em meio às circunstâncias difíceis
dedico este poema Àquele
que ainda que a figueira não floresça...

Me fará andar sobre os meus lugares altos!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
06/02/2018 (05h45min).

quarta-feira, fevereiro 21, 2018

CANÇÃO DO MINUTO FINAL

Uma pedra caiu.
Outra, àquela se seguiu.
Não ficou pedra sobre pedra
e começou a tentativa de engano
na penumbra do mundo –
apresentando-se como o Cristo.

O sol, como bola de fogo,
entrou na janela da sala à meia-noite...

Ouve-se falar de guerras.

Puxa-se o tapete das civilizações
e há muita poeira escondida...

Nação contra nação
reino contra reino
irmão contra irmão
fomes, pestes, terremotos...

Chove ainda uma chuva fina:
tudo é apenas o princípio das dores.

Ninguém se comunica
bradam-se gritos de desespero
parte-se o espelho enigmático
há pavor por todo lado.

Os cristãos são entregues ao tormento
muitos são martirizados
o ódio aos filhos de Deus se expande
por causa do Nome de Jesus.

Sucumbe o gênero humano:
silenciam-se as mídias tecnológicas...

Ilógica vida tecnológica
que destruiu a Humanidade.

O escândalo toma conta da urbanidade
a traição é a regra
e prolifera o aborrecimento.
E surgem falsos profetas
enganando a muitos com suas lábias.

A iniquidade se multiplica como febre amarela,
enquanto o amor esfria na destampada panela...

Mas, a perseverança subiu
como asa delta colorida
que numa tarde serrana
ganhou a atmosfera
dos corações onde não tem fim
a perseverança que salva...

O relógio da humanidade parou
estamos no minuto final do mundo.
Jesus voltou!
Veio como relâmpago
que se mostra do Oriente ao Ocidente.
Veio sobre as nuvens
com grande poder e glória.

Meu coração arde como em Emaús.
Um grupo de discípulos comigo
sente bater no coração
toda a angústia do Projeto de Deus!

O sol escurece,
as estrelas caem do céu
as potências são abaladas.
Miríades de anjos
fazem o cortejo do Rei.

É o minuto final.
Todos se veem, todos se ouvem.
E não há um ser em pé, um sequer:
todos os joelhos se dobram!

É o minuto final.
O alarido é santo, santo, santo.
E não há uma boca fechada, uma sequer:
toda língua confessa Jesus Cristo como Senhor!

De repente o silêncio.
O silêncio infinito!
Estamos nos segundos finais do minuto final.
Jesus acaba de separar os bodes das ovelhas
e, olhando em nossa direção, diz:

Vinde, benditos de meu Pai,
possuí por herança o Reino
que vos está preparado desde
a fundação deste mundo!

Anjos e homens irrompem em
Glórias e Aleluias
e acordam no Paraíso...

Josué Ebenézer Rio das Ostras,
09/02/2018 (07h27min).

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

ÁGUA

Grotão verde nas montanhas expostas.

Contemplo a força da Natureza.

Água.

A sede é toda minha, sede de Deus.
Meus olhos contemplam a fonte, o jorrar,
de águas cristalinas que brotam do seio da terra.

Meu coração tem sede de Deus!
Já não resolve o bebericar das águas oferecidas.
Quer ir direto à fonte.
Não servem poço ou cisterna, quer água límpida.
Por mais fundo de onde venha
ou mais antigo que seja o poço
ou que tenha maior tradição:
meu coração quer a fonte
de Água Viva anunciada Jesus.

As árvores nativas escondem a fonte;
as robustas árvores revelam a fonte...

O viço surpreendente do grotão
anuncia que a fonte é boa...

Coro angelical das águas
que deslizam sobre seixos roliços.

Águas moldam pedras!

A Água Viva amolece corações de pedra.
Cristo molda os empedernidos e
purifica os arruinados moralmente...

Na Fonte ouve-se o bater do coração de Deus.

Água...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
05/02/2018 (04h47min).

UM TREM NOTURNO QUE PASSA

Era uma noite de estrelas que assistia o trem
passando ligeiro nos trilhos da minha vida.

Sentado,
só um pensamento rompia o silêncio da alma.
(O trem soltava faíscas nos trilhos.)

Que noite aquela de menino sonhador,
Maria-Fumaça!
Vontade de pular dentro do vagão de carga
e sumir na cidade grande, depois da escuridão.

Era uma noite de estrelas
dentre tantas que beiravam a linha férrea...

Vontade incontrolável de ganhar o mundo...

O apito do trem anunciava a proximidade da estação...

Recolhi meu pensamento ao lembrar de mãe:
ela me procuraria em minha cama na manhã seguinte.

O trem foi embora mais uma vez.
O trem foi embora para sempre.
Eu nunca parti.
Fiquei até o fim dos dias da minha mãe.

Ficarei, também, até os meus...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
04/02/2018 (06h10min).