quinta-feira, janeiro 04, 2018

SANTA CHUVA

Por entre os edifícios da cidade
que grossos pingos vertem estas nuvens?

É a chuva tão esperada!

Há um cinza dominante nestes céus
e o firmamento despenca sobre a terra...

Cheiro de terra molhada.
Rolos de água, disputando bueiros.

Há quem preocupe-se!
Nem sempre os humanos
estão preparados para tanta bênção...

Sobre o que orávamos?
Pode ser maldição o que se pediu
como chuvas de bênçãos?

O tempo de estiagem, a seca nos pastos,
a baixa preocupante dos reservatórios,
a morte dos animais, o racionamento indesejado...

Falta d’água: ralo seco na pia.

Na dor, clama-se pela utopia;
quando da resposta, a murmuração...

Não pensar, não refletir.

Deixa a chuva molhar todo o corpo.
Chama a chuva para uma dança tribal
e saia pelo asfalto celebrando a fertilidade.

Santa chuva,
que rega, que banha, que revitaliza,
que molha, que faz germinar o sonho:
eu quero dormir esta noite ao som de Bach
tocado pelos pingos de chuva na janela...

As milhões de gotas de chuva
podem ser as lágrimas tristes de Deus
pelo afastamento do homem em seu pecado.

As milhões de gotas de chuva
também podem ser as lágrimas alegres de Deus
pela aproximação do homem em suas orações.

Santa chuva:
resposta a sequidão moral da humanidade!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
31/12/2017 (06h17min).


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