quarta-feira, janeiro 31, 2018

PEQUENO GRUPO MULTIPLICADOR

A noite cai sobre a cidade
e na casa amarela daquela rua
o destravar do portão eletrônico
indica que está mais próxima a lua:
hoje tem PGM ali!

Vem do sonho o desejo de se encontrar.
O portão semiaberto indica o acolhimento
o vento vai soprando e gentes vão chegando
o vento vai para outras casas também –
mas quem entra pelo portão destravado
carrega no peito a esperança.

Os fiéis são alegres como o dia de hoje que chegou
são como uma corrente de águas cristalinas
que anunciam a vitalidade.
Do lado de fora ficam os tormentos:
aqueles serão momentos de paz.

Pulam alegres os infantes no parque do coração.
Correm e dançam na alma os cultores da alegria;
brincam de esconde-esconde bíblico
para não pecar contra Deus.

(E conversam com Deus e entre si
enquanto apita ao longe o guarda noturno.)

É grande a comunhão naquele PGM.
O vento vai soprando e vai longe
quem cria asas para aproveitar
o Vento quando ele está passando...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

24/01/2018 (09h50min).

DAMASCENIANA

“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes
contra os discípulos do Senhor, (....)” (At 9.1).

A estrada é longa e o sol castiga.

Saulo respira ódio e exala perseguições.

A montaria o conduz pelo caminho da revolta,
enquanto, insano, pensa que trabalha para Deus.

Do alto do cavalo, surta, brindando fel;
o mancebo de qualidade – réu...

Prisioneiro da sua verdade...

Sente-se feliz, mas o mormaço lhe queima a razão.

(Os pés de Gamaliel pisoteiam sua consciência:
para quê estudar se não se quer aprender?)

Segue o itinerário dos escribas
alheio ao temerário dos escritos...

No caminho de Damasco
encontrou o Caminho sem asco:
Saulo teve uma visão que o joga por terra
e, momentaneamente, o cega...

A Voz lhe pergunta insistente:
Saulo, Saulo, porque me persegues?
Duro é para ti continuar assim entregue...

Há uma harmonia nos acontecimentos.

Saulo sai da vida torta e
vai, agora, por uma Rua Direita.

De volta à montaria,
escorado naquele que o fortalece, vai...

Vai!

embrulhado na visão gloriosa do Cristo.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
22/01/2018 (05h40min).

terça-feira, janeiro 30, 2018

VISÃO DE ESPELHO ENIGMÁTICO

Quem sou que não consigo enxergar-me como sou
e meu rosto se desfaz nos reflexos da luz solar no espelho da vida?

Trago na face as marcas do mistério e as incógnitas
de não saber quem sou e nem quem Deus é;
enquanto a imagem borrada do espelho
titubeia entre revelar e esconder...

Fecho os olhos – quem é Deus?

Minha pergunta de sempre.

Abro os olhos – Deus é o mesmo.

O meu espelho é feito de gelo
e o que penso ser – ou Ser Deus –
se desfaz na desintegração da solidez.

(Deus sorri da minha insegurança...)

Não posso fugir das minhas perguntas,
mesmo que sejam insanas batalhas sem respostas...

Conforta-me saber que por enquanto é assim,
mas, quando o Dia chegar, O verei face a face
e, então, conhecerei plenamente,
como também sou conhecido...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
22/01/2018 (05h17min).

ORAÇÃO

Neste culto eu sou o pedido e a resposta,
o ser na petição e o ser na bênção,
o ser!

Neste culto sou mais completo que o sonho,
mais leve que a pluma,
e tão aliviado, e tão perdoado!

Como é bom poder orar assim tão vero,
cada vez mais vero.

Eu tudo quero! eu nada quero!

Sou mais completo nesta vida abundante de Jesus!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
22/01/2018 (05h05min).

sábado, janeiro 27, 2018

NOIVA SUBLIME DA PRIMAVERA

Noiva sublime que sai nos jardins
toda ornada de mui belas flores.
Trazes no corpo aromas silvestres,
e em tuas mãos, buquê de jasmins.
O teu olhar de sonhos românticos
faz tocar nos céus: tambores, clarins.

Noiva sublime caminhas nos sonhos
em meio às espécies de múltiplas cores.
Carregas na alma, desejos e planos,
begônias, bromélias e mais outras flores.
Um rasto de luz deixas sem pejos
e pássaros trinam da tarde os amores.

Noiva sublime que levas em teu véu
gerânios rosas e orquídeas raras.
As rendas te elevam pra perto do céu
trazes musgos e folhas ainda orvalhadas.
Tens laços e fitas que voejam ao léu
néctar dos sonhos da eterna namorada.

Noiva sublime que corre nos campos,
nos campos floridos do meu Senhor.
És vulto suave que plana entre mantos,
desenhando nos ares, aquarela de pintor.
O noivo, atrasado, não tarda, em prantos
de alegria, declarar-te, seu eterno amor!

Noiva sublime da Primavera!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
20/01/2018 (05h31min).

sexta-feira, janeiro 26, 2018

ELEGIA PARA UM SONHO EM OLARIA

A adolescência morre como o fim de um sonho.

Resta um sorriso tímido, sensível como ave,
neste coração onde toscas choupanas querem soçobrar.

E a adolescência morre como este sonho do meu lugar.
Sensivelmente suave.
É melancólica a morte de um tempo
onde o irrealizado traz saudades lacrimosas
e as amizades perdidas são pássaros soltos na floresta da vida.

Vaidade... o ser como vaidade do existir.

A existência risca o fósforo da adolescência
e a caixa da vida perde mais um palito.

Há lágrimas no meu olhar,
porque meu coração sente saudades
do não vivido que se foi
e tem medo do que ainda não veio...

Minha Olaria não possui mais fornos
e nela não crepitam mais tijolos na lenha.
Mas eu sinto que há muito que erguer
no edifício da minha vida.

Meu bairro tão sem alma, tão sem luz
eu já me fui em janeiro
para as surpresas do Rio de Janeiro...

Deixei para trás essa adolescência
e no Oceano da vida mergulhei,
Os círculos concêntricos formados
ainda espiralam incertezas.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
19/01/2018 (12h02min).

FRIBURGUENSE

Eu devia ser friburguense; por uns meses não me tornei.

Nascer na serra, entre eucaliptos,
sentir o cheiro dos pinheiros, saborear uvas do Pará,
ser uma mistura de morangos silvestres e pitangas vermelhas.

(Nascer trepado na esperança como as jabuticabas do meu lugar...)

Eu devia ter nascido aqui
onde os caquis aguçam o prazer do sabor.

Eu devia ter nascido nestes vales
emoldurados por montanhas verdes
onde os sorrisos acompanham as gentes.

Volta e meia me pego a pensar
no Alto do Garrafão, em Macaé de Cima,
e as caminhadas mentais
refazem as caminhadas reais do passado...
Penso em Conquista, nos Ferreiras e
na minha Cascatinha onde índio fui um dia.
E em mim espumeja esta taça de alegria
em que gestos recordados
trazem à tona um turbilhão de emoções,
nas esmeraldas e rubis, dos tesouros do meu viver.

Segunda-feira.

Sol quente e eu no terraço empinando pipas.

Brincam cores no ar.

No artifício das cores do papel de seda
há um céu azul cobrindo a minha vida.

Brincam cores no ar, brincam pipas.

Semana inteira.

(Eu devia ser friburguense de nascimento,
mas em meio ao verde de minha serra, e de minha alma,
eu sou friburguense de coração...)

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
19/01/2018 (11h40min).

segunda-feira, janeiro 22, 2018

GIÓIA JÚNIOR

Gióia Júnior, balcão de solidariedade
que começa com palavras...

Gióia Júnior,
sopro de vida em meio a desesperos,
consciente poesia em verve exemplar,
a canção da tarde que se ouve em meio às folhagens.

Gióia Júnior, solidariedade voadora, fênix idílica,
poema vivo que se desloca das gentes para o pensar,
frescor matinal no mormaço da vida.

Gióia Júnior, radialista dando fôlego às palavras escritas,
a voz que suaviza com poesia a árida existência,
o político que procurou ser a voz do povo,
o poeta, ah, a canção, eu direi,
que embalou gerações em suas letras vivas...

Seu nome será cantado sempre e quando lembro
que seus poemas aqueceram muitos corações,
penso que serás cantado de janeiro à dezembro,
por muitos anos na reverência dessas gerações
que enxergaram folhas verdes, vivas, viçosas
nos troncos ressequidos desse imenso Brasil
porque sua verve, gerou de palavras, canções.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
19/01/2018 (06h20min).

A CANÇÃO DOS CRENTES

Há luzes amarelas dentro do templo.
A noite é brilhante.
Partituras musicais caem das estantes,
planando sob ação dos ventiladores.

Os incréus são como partituras ao vento,
como folhas soltas ao sabor da estação.
Mesmo no templo, qualquer vento de doutrina leva...

Em igual noite brilhante, anos passados,
em outro templo, entreguei minha vida à Jesus,
eu me arrependi dos pecados e sorri,
como um crente sob o mover do Espírito,
como um crente – que destrava as portas do coração.

Não fui indiferente ao som
dos instrumentos da orquestra.
No canto dos hinos sacros e na mensagem bíblica
enxerguei-me distante e houve lamento.

Mas passastes, forte e suave ao mesmo tempo.
Era outro vento...

Eu ouvira o toque, sentira tua presença,
nos textos lidos, nos hinos cantados;
era o Vento do Espírito no sopro da fé
como labaredas divinas, plena revolução.

E batias, e sorrias e aguardavas
como visitante à porta na espera de entrar.

Não vai tão longe, no tempo, a noite brilhante;
a orquestra ainda toca em meu coração de fé
e as lágrimas de alegria me surpreendem na saudade.

Olho os crentes de hoje, que chegam das trevas exteriores
para noites brilhantes no templo azul.

O mistério se renova alegremente
e vai levando cada crente de todas as gerações
como nau que flutua suave ao Vento do Espírito...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
18/01/2018 (05h19min).

domingo, janeiro 21, 2018

PAI NOSSO

Pai nosso, Pai nosso,
dá-nos a alegria da vida livre,
dá-nos a clareza da liberdade moral
e esse comprometimento dócil com a família
que tu formastes pelos que creram na Cruz.

Somos tão jovens, Pai, somos tão jovens,
queremos beber sempre do cálice do Cristo,
banharmo-nos do Sol da Justiça que entra em nossas casas.
Com as mãos no arado acariciamos a vocação
dos que não encontram outra Razão
senão a que vem de Ti, fonte de nossas vidas.

Pai nosso, Pai nosso,
sabemos que o mundo está difícil
e nasce desse tempo uma geração corrupta.
Sabemos, também: tu és o único que podes,
nas curvas da vida, nas sombras do tempo
  com teu clássico amor de mãos que sustentam –,
aprumar nossas vidas, dar forças ao cansado.
Estamos com as mãos no arado:
só tu podes impedir que olhemos pra trás...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
17/01/2018 (05h40min).