domingo, dezembro 31, 2017

POUCO CASO, POUCO…

Entre as árvores,
uns grilos cantores noturnos,
e a noite é suave...

A caminhar na praça, ele,
e a brisa fresca no corpo,
e o pipoqueiro
e mais ambulantes
e o carrinho de cachorro-quente,
e uma certa poesia em tudo:
e na noite, e na praça,
e nas árvores, e no coreto...

Arnaldo caminha indiferente:
nada vê, quer ser visto!
Mas, também, não se importa:
seu ego já lhe basta.
“Narciso acha feio
tudo o que não é espelho!’
Surge, dentro dele,
uma revolta interior.
Reclama que o mundo
não lhe dá valor.
Prossegue, passos largos,
enxergando só a si,
pouco se importando
que os indivíduos
se realizam no outro...

Da coruja, seu piado,
um chafariz iluminado,
uma bandinha tosca,
uma moça sai da toca
dirige-se resoluta a ele.
Que não gosta do que vê,
e não gosta do que ouve,
faz cara de pouco caso
nem dispõe-se a se deter.

A noite passa lenta,
como passam a vida
e os seus personagens...
O único automóvel
que apressado roda
naquela triste hora
é um ônibus imenso
azul como o céu.
E Arnaldo se precipita
à frente do lotação
antes que o breque
impeça seu cabelo black
power, desalinhar-se.
Estira-se inerte no asfalto
o corpo morto do Arnaldo
no aguardo do velório
que atraiu uma multidão.

Ele, agora, não podia
recusar nada ou ninguém...
Já era tarde demais.
Ou, melhor, noite demais,
chegou primeiro de janeiro!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
30/12/2017 (05h59min).

sábado, dezembro 30, 2017

AMANHÃ

Está fechada, mas pode ser aberta,
a janela do tempo:
o amanhã é possibilidade plausível!
É dia que se tem grande chance de viver:
caso se mantenha a normalidade,
o amanhã, nesta véspera, pode ser canção.

O sonho pode se acender,
como labaredas de fogo
neste amanhã de planos mil...

Depende de nós, os beijos e abraços por dar.
a escolha dos sabores, perfumes e cores,
que deixaremos nos invadir.
O amanhã é a chance da realização dos sonhos...

O amanhã e seus mistérios.
Ele será motivo de realização
ou o registro do fracasso de uma vida.
Todas as oportunidades estão nele.
Sobre o amanhã ainda é possível
orar pedindo a direção do Pai!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
29/12/2017 (06h20min).

HOJE

Está por se abrir, e mostrar a vida,
a janela do tempo:
o hoje está chegando!
É dia que ainda vai-se viver:
não se sabe o como, nem o porquê,
mas o hoje pode ser celebração.

Ainda é possível o desejo,
e se pode realizar mais
no hoje que está acontecendo...

Estão aí, disponíveis, os beijos e abraços.
Os sabores, perfumes e cores,
poderão ser experimentados,
se o hoje for assim construído...

O hoje e suas expectativas.
Ele será motivo de alegria
ou de estonteante insatisfação.
Ainda há oportunidades.
Sobre o hoje ainda se pode
dar os rumos de cada oração!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
29/12/2017 (06h10min).

ONTEM

Já se fechou, e ficou para trás,
a janela do tempo:
o ontem se foi!
É dia que não se vive mais:
apenas na memória fresca,
no exercício da recordação.

Não se sonha mais;
não se realiza jamais
no ontem que se foi...

Foram-se os beijos e abraços não dados.
Não há mais sabor, perfume e cor,
exceto os da memória,
se o ontem realizou...

O ontem e seus segredos.
Ele será motivo de arrependimento
ou de eterna gratidão.
Não há mais oportunidades.
Sobre o ontem pode-se fazer
breve ou longa oração!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
29/12/2017 (06h03min).

CANÇÃO DE DEZEMBRO

Os ipês, ainda arroxeados, contra os céus,
em serenas, serranas, manhãs frias.
Tímidos, mas persistentes, raios de sol
acariciando as festas, no vigor do arrebol.

As modulações das montanhas sobranceiras
emolduram belas, a cidade
no verde breve, verde leve, dos dias...

Aroma de terra molhada e, a esperança,
na chuva que pinga-pinga dançante.

Contra a janela, meu nariz aperta
e os olhos perscrutam o horizonte.
Quem busca encontra a paz da Natureza...

Vêm as festas, as férias, as preces, os sonhos...
Natal, fim de ano, réveillon, muitos planos...
Minha canção tem aroma de Natal,
cheiro de terra molhada
e coração umedecido de amor.

É dezembro em minha vida.
E tua vida, Pastor,
é uma Cantata de Natal que se canta
no coreto de praça do interior
e a fé em ti se agiganta
na adoração do Salvador.

Como árvore natalina decorada
e presentes de ocasião,
em balanço leve,
neste sol que aquece,
o meu agradecido coração,
nestas manhãs de dezembro
quando ipês roxos e amarelos
ainda teimam em enfeitar
o Natal da Natureza,
ofereço esta canção.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/12/2017 (21h57min).

A IGREJA ADORMECIDA

Noite.

A igreja, na escuridão, parecia mergulhada
nas brumas de uma garoa silenciosa...

Os céus se vestem de nuvens corredias
e espreitam os crentes.

Postes estáticos enfileirados na rua
são apenas suportes de lâmpadas mortas.

Parece que o breu se faz pastoso e denso.

Pessoas flutuantes adentram a igreja para a Vigília.

Faróis de automóveis se apagam com o passar do tempo
e nenhuma nota se faz ouvir das teclas do piano preto de cauda.

Recebo a visão de corpos que se inclinam ao chão
e aos poucos perdem a pose e se esparramam
no velho assoalho de madeira...

“Era uma vez...” – em certo lugar
uma igreja adormecida
que desaprendeu a orar
que abdicou de amar
que perdeu a alegria da salvação
e o profundo valor da comunhão
e que precisa, urgentemente, acordar!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/12/2017 (05h51min).

quinta-feira, dezembro 28, 2017

NARCISO

É lindo o poema que de ti brotou, dizes.
É como os olhos azuis da moça linda...
E dizes para ela, a extasiar:
Como é lindo, moça, o teu olhar!

Se te enxerga nas palavras que colocaste no papel
e vê em cada frase uma parte de ti mesmo,
pois carregaste na tinta, aproximando o céu,
naquele que não mais suportava andar a esmo...

Não te esqueça que o poeta, é apenas um canal
do Bom, do Bem, do Belo, que a aridez da vida levou.
Que não tornes lindo os olhos da moça de olhar azul,
só porque fixando neles, a si mesmo se enxergou.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/12/2017 (05h38min).

REVERÊNCIA

Que júbilo me preenche o espírito quando entro no templo,
entro esperançoso de louvar o teu nome;
no coração silente, na alma sequiosa!

És a razão do meu viver,
Jesus!
És o sentido da existência, em que me apoio;
a segurança que me faz atravessar o Vale da Sombra da Morte.

Tu me ensinaste a silente reverência do adorador,
que se busca, com anseio, ao som de tuas águas purificadoras.

Jesus, as ovelhas possuem teu jeito.
O templo reverbera teu ser pelas paredes,
és a alegria dos homens, és a minha alegria.
Teu Nome é sobre todo o nome
e o Vento assopra canções de fé
nos corações que alcançam a harmonia do Culto.

Colhe flores de esperança no Jardim da Oração;
sai a semear as sementes de futuro
do Evangelho da Graça que se espalha no caminho;
carrega consigo a ti, andando como andaste...

o que sai pelas ruas levando, de Cristo, a identificação!

Oásis no deserto; flor no asfalto;
bonança na tempestade; porto seguro:
Jesus!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/12/2017 (05h25min).


SOMBRA DO ONIPOTENTE

(Salmo 91)

No reconfortante esconderijo do Altíssimo...

À sombra do Onipotente
esta constante certeza
de um Deus presente
que é minha Fortaleza!

Alegria de saber que Ele livra
e de sentir que debaixo de suas asas
encontro conforto e segurança.
Compreensão de que o medo se afasta
seja de dia ou de noite:
não há peste, seta ou mortandade
que me assole em casa ou na cidade
pois meu Deus é o meu alto refúgio.

Pai-Onipotente...

Reclinei-me ante ti,
pois de ti fiz minha habitação.
És meu esconderijo e proteção.

E toda alegria da tua presença
é celebração da vera crença
de que nenhum mal me sucederá,
pois se preciso darás ordem aos teus anjos
morando em casa, choupana ou tenda
moverás dos céus miríades de arcanjos
para afastar de mim qualquer ofensa.
Meus caminhos estão guardados.
Nem praga, serpente, leão ou seu filho
hão de me atingir, pois me livrarás.
O seu amor é maior e calcarás
qualquer que queira me tirar teu Filho.

À sombra do Onipotente descansarei:
Meu Deus, meu Senhor, Salvador e Rei!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
27/12/2017 (09h11min).

BOLA DE NATAL

A bola de vidro é leve, vermelha e frágil
cuidado com ela – só de olhar, podes quebrá-la
na afoiteza de um esbarrão.
Não estragues a decoração...
O sentimento do Natal é leve e suave
como o convite de Jesus: “vinde a mim!”
Silêncio: tão suave como o toque do Espírito,
o sopro de Vida, a Visão dos céus...
Não quebres a harmonia celeste
dos seres que estão prestes
a se reencontrar com Deus.
É um momento inesquecível de fragilidade:
forte nas crianças; que se perde no avançar da idade...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
27/12/2017 (06h04min).