sábado, dezembro 31, 2016

ELEGIA 2016

Ó povo brasileiro, por onde andará tua alegria
onde os sonhos e esperanças, em qual corcel cavalgam?
És o sustentáculo e a base dessa nação benfazeja
sentes o frio na espinha de um futuro que morre infante.

Teus heróis têm pés de barro, não sustentam um vintém
de altruísmo edulcorado: pirulitos roubados das crianças.
As manhãs são azáfamas de um frenesi sem tamanho,
as noites são os desesperos de barrigas vazias nos leitos.

Trabalhas de sol a sol e sentes o peso do mundo
e sentes a dor do tempo que morre no calendário
e sentes o envelhecimento da derme que se sacrifica
e o outono da vida que chega sem pedir licenças.

Trabalhas acreditando, mas a fé vai-se com a foice
que capina a esperança de teu coração brasileiro.
O país que te venderam quando aqui nascestes ontem
não é hoje o que prometeram e nem amanhã o será.

As riquezas desta terra, em que tudo que se planta dá,
até do subsolo roubaram, não só o ouro que Portugal levou.
É o mal que se instalou, nos escaninhos do poder
e fez brotar do cimento de Brasília, a vil corrupção.

Amas viver e te alegras com o pouco que se te dê;
e exaltas – na própria trama do existir – a cordialidade.
Mas não suportas mais, esta louca insensatez
de uma sórdida bandidagem vestida de colarinho branco.

Brasileiras e brasileiros, que caminham entre os mortos
apodrecidos na mente, no sonho e no coração;
as cadeias serão poucas para ajuntar esta gente
que não merece indulgência, precisa de punição.

Que a ferrugem corroa as grades e corrompa os corpos
dos que mataram com a caneta, por leis ou falta delas
os sonhos de brasileirinhos, a vida de meninos e meninas
a beleza das mulheres, o orgulho dos homens, as cãs dos velhos.

Que todos os miseráveis corruptos, devolvam cada tostão
que desviaram do trabalho, da saúde e da educação.
E experimentem o barro, a lama e a carestia,
a falta de esperança, o dente podre e a apatia.

Que o Brasil confesse agora, que uma geração se perdeu
que tentaram matar nossos sonhos, mas ele não morreu.
Que não se cale a Justiça, mesmo que Brasília exploda:
não é iconoclastia, os políticos é que saíram de moda.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
30 de Dezembro de 2016 (16h27min).


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