segunda-feira, maio 18, 2015

QUAL O CRIME?

O carro esgueira-se na rua
iluminado apenas pelo luar
dorme a noite e o sono da cidade é calafrio
não se ouve nem o pio
da coruja do pensamento
e, num momento,
se pensa que o vazio
é a verdade.
Não há sequer vestígio de esperança.
As estrelas se esconderam
e a aquarela proposta é nuvem:
cinza nuvem de uma noite apagada.
E eu, insone, vejo a porta do carro se abrir
e à beira-rio um homem jogar um saco preto.
As ratazanas seguem o seu caminho
enquanto o volume pesado rola barranco abaixo
até estacionar nas folhagens ralas da margem
aguardando o desenrolar da cena.

O homem da noite pensa acobertar o crime.
A noite não esconde o crime
como o crime não se deixa cair no esquecimento.
Logo-logo a manhã vai chegar
e com ela se ascenderão as luzes da compreensão.
O rio geme a poluição
e sua voz é a da aridez:
Até quando a Natureza vai sofrer
e o descaso humano vai empobrecer
o ecossistema?
O rio segue seu curso
e as águas imundas da insensatez
carregam os detritos de uma humanidade decaída.
O barulhar das águas na
manhã do dia seguinte
é a oração lamurienta da Natureza.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

03 de Abril de 2015 (18h03min).

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