O
carro esgueira-se na rua
iluminado
apenas pelo luar
dorme
a noite e o sono da cidade é calafrio
não
se ouve nem o pio
da
coruja do pensamento
e,
num momento,
se
pensa que o vazio
é
a verdade.
Não
há sequer vestígio de esperança.
As
estrelas se esconderam
e
a aquarela proposta é nuvem:
cinza
nuvem de uma noite apagada.
E
eu, insone, vejo a porta do carro se abrir
e
à beira-rio um homem jogar um saco preto.
As
ratazanas seguem o seu caminho
enquanto
o volume pesado rola barranco abaixo
até
estacionar nas folhagens ralas da margem
aguardando
o desenrolar da cena.
O
homem da noite pensa acobertar o crime.
A
noite não esconde o crime
como
o crime não se deixa cair no esquecimento.
Logo-logo
a manhã vai chegar
e
com ela se ascenderão as luzes da compreensão.
O
rio geme a poluição
e
sua voz é a da aridez:
– Até
quando a Natureza vai sofrer
e
o descaso humano vai empobrecer
o
ecossistema?
O
rio segue seu curso
e
as águas imundas da insensatez
carregam
os detritos de uma humanidade decaída.
O
barulhar das águas na
manhã
do dia seguinte
é
a oração lamurienta da Natureza.
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
03 de Abril de 2015
(18h03min).
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