segunda-feira, maio 18, 2015

DESMIM

O que sou já não é
desde que te conheci:
desfiz meu ser,
meu pensamento;
desatei os nós
do conhecimento
e reiniciei a busca.

Foi mero encontro
de outro ser
que sem querer
foi entrando em mim
me possuindo –
e minhas entranhas
se revolveram.

O que sou já não é mais
voltou o passado
uma certa angústia
e voltou um tempo
de alinhamento
e até um futuro
que já não sou nem serei.

Os alicerces se abalaram
meu mundo ruiu
e o castelo da existência
se devassou.
Os portais do tempo,
escancarados,
anunciam esta invasão.

Sem guardas nos sensores
já não sou mais quem era
e o que serei não surgiu.
Destravam-se as comportas,
ruem fortalezas,
e de mim os navios
não defendem este mar.

O que sou já não é!
Só me resta aguardar
que o destronar
do coração assim
este ruir egoico –
não me faça paranoico
ao me tornar desmim.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
21 de Março de 2015 (06h15min).


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