quarta-feira, abril 15, 2015

A PIPA

O poema é como a pipa:
a gente faz o arcabouço,
mas ele precisa ser capaz
de receber o vento da inspiração –
que sopra contínuo sobre
sua estrutura –
para subir bem alto
e manter-se na atmosfera da poesia.

O poema precisa ser como a pipa:
balançar bem alto nos céus da existência,
desenhar multiformes alegorias
no coração do pipeiro-poeta
sem nenhum artifício cruel
que retire do rosto o sorriso
e esconda a alegria por detrás dos montes.

Como a pipa, o poema depois que nasce
– e isso só se dá quando ele encontra
suas palavras –
assume a forma dada por seu autor.
Mas, é nos céus do pensamento,
no jogo-brincadeira, que se dá o desvendamento.
Há quem prefira mantê-lo estável no ar;
há quem queria debicar e fazer piruetas
redesenhando a vida.

O poema, tal como a pipa
precisa do vento inspirador
para manter-se no alto.
O poeta apenas segura a ponta da linha do outro lado
(e há um carretel solto no chão).
Se a inspiração não tiver suficiência poética
a poesia desaparece no concreto armado das cidades.


Josué Ebenézer Nova Friburgo,

24 de Fevereiro de 2015 (05h31min).

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