sexta-feira, outubro 03, 2008

VAGANTES BRUMAS

Do ser e a incompreensão da vida.
Episódicas brumas de uma lida;
Vagantes experiências do saber.
Não ser!
E a incompreendida existência
Faz vagar o ser em sua sobrevivência
Diante dos muros humanos...

Não fosse a vida matéria-prima do ser
Seria escultura inerte na praça,
Por onde passa,
A vida que segue resoluta seu destino.

O granito pigmentado já não é o ser.
Refulge o brilho de uma pele angustiante
Nas duras conseqüências de um mundo
Que já não é o seu.
Há limites!
Os limites da matéria transformada;
Limites do ocaso a que estivera largado na praça,
Onde os pombos borrifam dejetos
Sobre o crânio desprotegido,
Os ombros desbotados,
A pele artificial do mármore ignominioso.

E ele que pensava – quando em vida –
A imortalidade...
E ele que imaginava a continuidade
Do sonho.
Das palavras que não seriam aprisionadas nos livros...
Das idéias que alçariam vôos mais longínquos
Nas cabeças dos jovens sonhadores...
Das transformações que homens de livros são
Capazes de oferecer à Sociedade.

Mas o registro da história lhe reservou
Apenas uma escultura marmórea,
Um brilho efêmero,
E uns tantos pombos grasnando
Nos contornos da imitação de quem fora.

Os tempos eram outros.
Seus ideais não sobreviveram
À avalanche de reflexões do mundo plural.

Ficou apenas a constatação:
- Existiu e pensou algo.
Resignou-se.
Isso não era pouco!

Mas os pombos continuavam a incomodá-lo...

Rio de Janeiro, 11 de Dezembro de 2006 (14h50min).

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