segunda-feira, outubro 06, 2008

PONTO ENIGMÁTICO

Vai.
Anda logo.
Vai avante.
A rua está livre:
Nenhum carro
Nenhum transeunte.
Só, ao final (lá longe),
Onde a rua faz curva
Ao sabor do vento,
Farfalhando folhas,
Indicando direção
De árvores buliçosas:
Um ponto.
Que será?
Ponto escuro
Em minhas vistas cansadas.

Forço a vista,
Faço a revista,
Mas não adianta.
O ponto persiste
Em afastar-se
De meu entendimento

Meu ser se espanta
Com o mistério.
E eu vou.
Sim, vou.
Vou logo.
Vou avante.
A rua continua livre:
Passa apenas um carro,
Ligeiro,
E desaparece.

Passa um transeunte.
Apenas um.
E ele vai também
Caminhando.
Rua a fora.
Depois que ele
Passa e,
Quase se disfarça,
Em ponto também...
No fim do meu ver,
Decido caminhar.
Meus passos
São mais rápidos
Que a minha visão.
E quando,
Na minha pressa,
O ponto móvel
Volta a ser alguém
(E o ponto
Enigmático
Passa a ser algo)
Vem o susto.

O ponto perdido,
Distante,
Do fim da rua,
Era uma caçamba.
E o ser que
Caminha desespero
Nas ruas da cidade
Encontrou na
Rua de minha casa
Rua de minha vida
Uma caçamba de lixo
Para garimpar comida.

Vomito.

E volto correndo
Para casa
Tropeçando paralelepípedos.

Niterói, 04/01/2007 (8h15min).

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