terça-feira, maio 06, 2008

CONFLITO DE GERAÇÕES*

Você enfrenta hoje o que passei ontem;
você sente hoje o que ontem senti.
Você chora as lágrimas que já derramei
e curte emoções que eu já vivi.

O tempo não pára e a idade é remédio
que cura este mal e absorve este tédio.
No vento o tempo escorre na fronte
da vida o relógio que marca na fonte
da água que corre e vai para o além;
e vai para a frente e nos deixa pra trás.
O tempo desfaz o choro sem rumo,
a lágrima sem colo, a vida sem prumo...

Você enfrenta hoje o que passei ontem;
você sente hoje o que ontem senti.
Você verte as lágrimas que eu já vi
Nos olhos cansados de muito homem.

Os ponteiros da vida se ajustam velozes.
Marcam despedidas no ouvir de umas vozes.
E o tempo que anda, coração que balança,
que sacode a poeira juntada na estrada.
Enquanto você impassível assiste
a vida voando no conforto da sacada
da casa de pedras que o tempo deixou.
E seu coração que é de carne e de amor
derrete-se ao som da bandinha da praça,
do coreto que o limo e a lama da raça
deixou para o ontem da vida lembrar,
e o hoje na derme, paixão pra sentir,
enquanto aguarda - se o amanhã existir -
na memória da vida uma história guardar.

Você enfrenta hoje o que passei ontem;
você sente hoje o que ontem senti.
Com o lenço na mão seca lágrimas ao vento.
A areia escorre na ampulheta do tempo.

Enquanto isso:
Aguardamos os filhos de nossos filhos!

Nova Friburgo, 09/01/2005 (15h08m).

*Este poema foi vencedor do Concurso da Editora Litteris.

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