quinta-feira, maio 22, 2008

A BEIR(A)MAR

Nos arrulhos dos pombos, que se arriscam por aqui,
nas ariscas lembranças, em outras águas banhadas,
nas ondas que vêm e que vão e que indo, se não voltarem,
outras vagas virão, outros sons e o mar e o amar...
E o cheiro no ar, desse mar, desse sal, desse mal,
que me sofre e me arde por fora. Os olhos ardentes,
clementes. E me arde por dentro, essa febre que freme,
esse amor de gente num corpo pedinte. Um calor.
Uma chama de amor e o sol dessa tarde que arde
e flui por dentro e por fora esse mar que me faz amar...

E a hora não passa, embora a desgraça não tarde,
não falhe e não fale e não diga, esse amor por intriga.
Mas o sol, esse sol que é chama também a consome
e um nome lhe vem a lembrança e a bonança lhe invade.
E esse amar lhe abre um sonho, um pensar.
E o sorrir neste rosto, bem posto, no gosto do verão...
Emoção, coração e o balanço das ondas que quebram
na praia. Você transitando leveza, não foge da raia.
Desfila e se esfalfa, deslizando beleza, flanando no ar.
Nesta sede de amar e da água que banha os sonhos.
Nesta seda do meu pensamento em mares tamanhos...
Seu corpo! Há mar! Entre sonhos e fronhas e banhos de amar.

Você neste ar dos meus pensamentos suave flutua.
Meus pés nestas luas fazendo do espaço viagem.
Dos planetas distantes, minhas ruas.
E você neste sol, neste atol, neste chão da paixão
que se eleva por sobre as areias do tempo e o vento
que bate e expande meu sonhar e abate a desilusão.
Junto às areias da praia e às águas do mar, perdi meu coração.
E ali estamos nós, nossos corpos, nossas vidas,
nas areias da praia e nas águas do mar.
Nossos corpos expostos, este jeito de ser, este jeito de olhar.
Nos expomos para o mundo, num gozo profundo,
como alguém que está:
Diante de Eros em êxtase fecundo
e o cheiro no ar:
Quase amando. Quase. A beir(a)mar!

Rio das Ostras, 15/01/2005 (7h58m).

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