quinta-feira, novembro 08, 2007

A Roupa do Poeta

Com a rouquidão da minha voz
não sei se me farei poeta,
mas com a escrita dos meus dedos -
e uma roupa simples de inverno -
quero cantar a vida pelas alamedas do tempo.
Não sei se me farei poeta
ou os meus leitores é que me
vestirão essa roupa.

Quero simplesmente deslizar meus dedos
sobre a folha branca;
papel incólume que banca
toda a minha inspiração
e faz a caneta continuar segura entrededos.

Vou sair pelas ruas de pedras paralelas
de minha bela cidade da serra.
Vou ao encontro do povo
e os paralelepípedos não me servirão
para jogar amarelinha.
Vou apenas distribuir poesia
nas folhas brancas de paz
que os caracteres da máquina imprimiram.

Talvez porque o azul da manhã tome conta do meu céu,
e o verde das encostas me convide para a natureza,
vou tentar colocar um pouco mais de beleza
na vida cinza de quem já se cansou da vida.

- E vós, que tentais desnudar-me num relance
como se a poesia do poeta fosse uma chance
de pô-lo a nu, a descoberto:
Abraçai a causa da poesia
e torneis melhor seu dia-a-dia
lembrando que ela é céu aberto
espaço livre para voar,
e que sua matéria-prima também é alegria
e uma vontade imensa de amar.

Mas ai de vós que pretendeis vestir roupas no poeta:
roupas sóbrias e frias que estigmatizam;
roupas apertadas e formais que rotulam.
Poesia é adereço, é pendente,
é tudo que soma e embeleza,
atrai e enleva o ser,
elevando-o à categoria de anjo.

Jogai sorrisos para o poeta,
acenai com as mãos e fazei gestos de paz,
deixai a fraternidade tomar conta das ruas,
trocai olhares de signos mil,
abraçai a causa da esperança
e deixai que a fé inunde vossos corações.
Porque a vossa paz, alegria, amor,
fé, esperança, fraternidade e calor
irão costurar-se ao poeta
e farão dele a sua voz.
O poeta se veste de voz:
a roupa do poeta é a voz do coração.

Conceição de Macabu, 08/07/2000(7h43m)

Nenhum comentário: