quarta-feira, novembro 14, 2007

Caminhos Prateados

Um menino, pequeno,
Perguntou pra sua mãe:
- Mamãe, como nasci?
Desde quando estou aqui?
A mãe, tão aturdida,
Ouve espontânea voz,
Olha pra dentro de si,
Responde um tanto a sós:
- Meu filho, esta vida
Que hoje trazes em ti;
Começou lá no passado
Quando teu pai conheci.
Você não existia,
É fruto do nosso amor.
São passados os anos,
Vinte e cinco, exatos,
E como dizem os fatos
Você com seu irmão
Compõem em nosso lar
Resposta de oração.

O menino curioso,
Querendo saber mais
Chamando a seu irmão,
mais velho e mais capaz,
pergunta sem pensar:
- Você sabe como eu
vim ao mundo, mano meu?
- Garoto, você é novo
Não sabe dessas coisas...
- Mas porque, então,
Não apareço na foto?
- Que foto, meu irmão?
O que queres dizer?
- A foto do casamento
Ou será que no momento,
Me distraí e não apareci?
O irmão coçou cabelo,
Franziu cenho e sobrolho,
Pigarreou e tergiversou:
- Nós só existimos,
Eu e você, caro mano.
Porque Deus nos amou
E para nós tem um plano!

Na pauta daqueles dois
A velha história humana:
Donde viemos, onde vamos?
Que fazemos neste mundo?
Do infante, ingênua questão:
Eu não sou desde sempre?
Tive um ponto de partida?
Um começo como gente?
Os pais observam os dois
Com os corações alegres.
Ali estão os dois frutos
De uma caminhada de prata
Que começou numa praça,
Mesmo banco, mesmo jardim.
Mas hoje, passados os anos,
Os cabelos já grisalhos,
Cantam novos passarinhos,
Velhas canções, novos hinos,
Mesmo sentimento e amor,
Envolto em muitos carinhos.

Na graça, na gratidão,
Vertendo do coração
De quem na estrada da vida
Com a alma enriquecida
Amou a mulher da mocidade
E agora, no avançar da idade
Colhe muito regozijo
Como se ao som do realejo
O sonho tornasse desejo
E a história juntos passada
Caminhos floridos de prata
No amor que surge do nada
Do sonho da mulher amada
O jovem logo descansa
E a alma a Deus se alevanta
Pois sabe que todas as coisas
Sejam boas ou mesmo ruins
Todas elas têm seus fins
Na vida de quem a Deus ama
E com sopro divino chama
Contribuem sempre pro bem.
E todo servo, submisso,
Responde sempre: Amém!

Tudo começou nuns olhares
Na troca de furtivos sonhos:
"Que moça tão linda é essa,
Princesa do meu Império,
Senhora do meu destino,
Dona do meu coração?"
E ela, por sua vez,
Exercitando a compaixão
Diz dele com muito carinho
De um coração fisgado
De todo enamorado
"Encontrei meu príncipe
meu príncipe encantado!"
Veio o namoro e o noivado
O brotar do sentimento
Dos pais, o consentimento
Para um futuro à dois.
Que eles, cheios de planos,
Não deixaram correr anos
Nem adiaram pra depois.

Chegou o casamento
Data tão especial
Em dia marcado adrede
Que eles num outubro
Florido, primaveril,
Disseram pra todo mundo,
Para Friburgo e o Brasil:
"Nascemos um para o outro
Prometemos nos amar
Até que a morte nos separe
E mesmo que em nosso lar
O nosso coração dispare
Será sempre para o outro
A alma gêmea que Deus
Pra nossa felicidade aqui
De presente concedeu!"
Com nossos filhos agora
Passados que são os anos
Formamos um ninho de amor
Onde canções tão alegres
E orações fervorosas
Representam a fé presente
Em Cristo nosso Senhor!

Josué Ebenézer (Nova Friburgo, 10,11/10/2003)

Nenhum comentário: