sexta-feira, setembro 14, 2007

ELEGIA DE OUTONO

Caem as tardes desses frios dias
ventos fortes em face a bater
no tempo a alma tu arrepias
e o sentimento que me faz sofrer.
Pois teu amor é como a sensação
das folhas de outono que o vento espalha
e qual tapete largadas neste chão
o meu amor sem teu favor encalha.

Ó amada minha, que dizem teus gestos
de expressivos, mitigados pela dor?
O meu coração, alinhava protestos
na ausência de expressão, das ações do teu amor.
Minha alma então, sonolenta e desavisada
em tua direção logo se põe a correr
e o vento soprando o corpo de minha amada
a leva pra bem longe, onde não a posso ter.

Os frutos ricos nos pomares abundantes
enfeitam as árvores e às folhagens dão cores.
O nosso amor, já não sendo como antes
me traz do teu corpo a falta dos sabores.
E choro por dentro e também choro por fora
como se a mendigar um pouquinho desse pão
porém a névoa densa que nem sempre vai embora
insiste em ressaltar toda a dor do coração.

Mas se no outono já tem frio, tem o vento, tem a chuva,
tem folhas secas espalhadas e é longa a madrugada!
Nesse tempo também tem: pinha, caqui, manga e uva
tão certo como me lembro da vozinha a goiabada.
Porém minha avó já morreu e o pomar já foi vendido
para um esperto judeu que transformou-o em lotes.
E o meu amor, como está? Da minha amada esquecido,
vive por este mundo, chateando-se com trotes.

Nova Friburgo, 30/05/2000 (7h25m)

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