quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Eu só Posso Imaginar

(Dedicada a Alex & Tatiana quando receberam em seu lar o pequeno Juninho em Síndrome de Down)

Acordei nesta manhã de belo inverno serrano
com o coração disparado, pensativo, fazendo plano,
de encontrar-me contigo e tendo algo a dizer-te.
Só que o tempo passou e eu não te encontrava
caminhei pelas ruas, e o coração disparava
toda vez que o ontem, atroz me fazia perder-te.

As lágrimas daquela noite, teimavam em não secar
parecia fonte contínua, que não quer se esgotar
e eu pensando em ti, sofrendo imaginação.
A dor foi tua eu sei, mais forte que a própria morte.
Estavas, então, intrigada, decepcionada com a sorte,
achando cruel a vida e dorida a frustração.

Por longos nove meses, aguardas-te paciente
o bebê que em teus braços se apresenta tão carente
e a lágrima em tua face, ainda pergunta “por quê?”
Mesmo sendo teu pastor e também um conselheiro,
na cor dos meus olhos vistes, alguém que chorou primeiro
mas que agora já não sabe o que mais pode fazer.

Teu coração de mãe tinha um misto de sentimento.
É teu filho, o amarás, mas quem entende o momento
em que a alegria da chegada se mistura com o futuro?
Foi por isto que em teu seio, abrigando o pequenino
olhaste para o Alto implorando, a Deus por teu menino
que doente, ainda não sabe, como é alto este muro.

Foi quando alguém se achegando, como quem quer consolar
disse pra ti de mansinho: - “Nosso Deus vai te ajudar.
Eu sei o que tu sentes, não chores minha querida!”
Pensando com meus botões, cheguei logo a conclusão:
Ninguém sabe o que se passa, no outro, em seu coração.
Toda dor tem sua cor, ela é própria de uma vida.

Neste instante a voz de Deus, plena de amor eterno
ressoou forte em meu peito e o sentimento materno
me fez lembrar do Calvário e o grande amor sem par.
Ninguém sabe a dor imensa, de quem está a sofrer
somente o próprio Cristo, que sofreu sem merecer.
Na empatia de um irmão, eu só posso imaginar...

Nova Friburgo, 04/06/99

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