quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Caneta no Papel

Paralelas linhas no branco papel
enquanto aguardam
para elas, letras,
escuras, de contraste significante.
A ponta da caneta
teima em marcar o branco
enquanto a mente,
em névoa, não emite opinião.
O reflexo da luz no papel
opaco,
provoca o pisca-pisca
das pálpebras
que lembram você.
Os dedos tremem na espera da
inspiração. E o papel fica cheio
de pontos parados,
traços disformes,
mas a escrita mesmo não vem.
Enquanto não surge o fazer poético,
para de azul turquesa preencher
o papel,
meu pensamento voa, meu coração
se embriaga: penso em você, sinto você
e fico inebriado, em estado
de céu.
Neste momento ouço uma voz. E ela diz:
“-Amor meu!”
Ai meu Deus! Que emoção!
Dá vontade de sair correndo,
pulando e dançando,
compondo uma canção.
O vento bate frio nas maças coradas
e lembro que sou poeta e não
compositor.
Volto a sentir a caneta como
extensão dos meus dedos.
Levanto da mesa o papel.
Vejo-o.
Ele está cheio.
É a poesia...
Meu coração carrega a melodia
de quem flutua leve pelo ar:
alcançou a verdade do sonhar
e já não se incomoda tanto com
a realidade.
Poesia: Ela também nasce do amor.
Dobro o papel no bolso da camisa.
Borrifo perfume de leve
e fico feliz como neve de natal:
o sorriso na face me leva
ao encontro dela.

Nova Friburgo, 08,09/06/99

Nenhum comentário: